sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Devastação do Cerrado é maior que da Amazônia

O cenário de calamidade ambiental que vem se instalando no Cerrado da década de 1970 para cá, finalmente foi reconhecido pelo governo federal. Enquanto pouco ou nada era feito, o desmatamento do Cerrado, só cresceu. Entre 2002 e 2008, ele foi o dobro do ocorrido da Floresta Amazônica – representando a supressão vegetal de 127,5 mil quilômetros quadrados (km2) em seis anos, ou 21 mil km2 por ano, contra 10 mil km2 na floresta.

A degradação do bioma – ocupado por dez Estados mais o Distrito Federal – já é responsável pelo mesmo nível de emissões de gás carbônico da Amazônia. Mais ainda: 12 mil espécies teriam simplesmente desaparecido do Cerrado, enquanto a desertificação e o avanço de culturas agressivas como a da cana de açúcar, só aumentaram.
Como realidade, essas mudanças há anos já são sentidas na pele pelas populações que habitam as 11 unidades da federação que ficam nos 2 milhões de quilômetros quadrados de Cerrado. Como dado oficial, a maioria dessas informações foi referendada ontem com a divulgação de um estudo do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
A pecuária extensiva e o plantio da soja para exportação, aponta o estudo, são os vilões da degradação do Cerrado. No período estudado (2002 a 2008) a área desmatada cresceu 6,3%, saltando de 41,9% para 48,2%, quase 1 milhão de quilômetros quadrados limpos, metade da área do bioma.
Enjeitado, como o patinho feio dos biomas brasileiros, o Cerrado luta até para ter sua importância reconhecida. Há vários anos o Congresso Nacional empurra a votação de projeto de emenda constitucional que propõe a transformação do bioma em Patrimônio Nacional.


Fonte: Jornal O Popular, 11 de setembro de 2009